• A CHAVE DO MONARCA AZUL

    Inspirado pelo horror cósmico de autores como Robert W. Chambers (O Rei Amarelo) e H.P. Lovecraft (O Chamado de Cthulhu), o escritor carioca Bruno Moraes, em seu primeiro romance, revira a poeira sedimentada de memórias esquecidas e expõe uma realidade dura e crua enquanto nos apresenta uma mistura de fantasia, mitologia e horror cotidiano. Aquele a qual todos nós estamos sujeitos.

    Aliás, aqui cabe uma ressalv: não leia o posfácio antes de concluir a leitura da história principal. Todo o mistério se esvai da leitura caso o leitor ansioso parta para o texto onde o autor esmiúça o seu processo criativo e as principais razões e influências do seu livro. A Chave do Monarca Azul é daquelas leituras em que quanto menos sabemos sobre o tema, melhor.

    E este é o principal mérito de A Chave do Monarca Azul.

    Enquanto acompanhamos a história principal, testemunhamos o desespero do personagem quando uma figura sinistra que o visitava na infância retorna muitos anos depois. O texto em primeira pessoa reforça esta sensação e, assim como a personagem, vamos aos poucos decifrando o enigma da chave do Monarca Azul. Ao final do texto, o leitor, assim como o personagem, se depara com a verdade por trás daquelas memórias e a revelação é bastante impactante.

     

    O livro ainda conta com dois contos extras, Gênese e Fim, com o próprio Monarca Azul, que eu particularmente considero reduzir a força e a ambiguidade do texto principal, apesar de ser um conto interessante com bastante influência dos universos divinos de Neil Gaiman, e O Novo Produto, um apavorante conto sobre vício com ares lovecraftianos, que é uma grata surpresa.

    O livro foi produzido de maneira independente através do Catarse e se mostrou bastante merecedor do sucesso da campanha. O livro possui um bom acabamento gráfico e a única ressalva fica por conta da ausência de uma divisão de capítulos, que tornaria a leitura mais fluída. Moraes condensa uma vasta gama de influências em um texto de leitura fácil e rápida, apesar de um ou outro momento mais verborrágico, e bastante instigante. Mostrando que nem só de autores internacionais e consagrados vive a literatura fantástica. Que seja o primeiro de muitos!

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