A partir de três personagens com destino e passado incertos, Flavia Company, uma das mais importantes escritoras em língua espanhola da atualidade, conta a história de duas mulheres e um homem, herdeiros de dores muitas vezes indizíveis e implacáveis, vagando à procura de si mesmos ou por qualquer sentido para suas próprias vidas.
Lançado pela Editora Cubzac, A metade sombria é o seu primeiro trabalho publicado no Brasil e a autora, que declara profunda admiração pela obra da brasileira Clarice Lispector, o descreve como um romance sobre o amor, a amizade e o medo da vida. “Minha literatura explora questões humanas, busca compreender nossos fantasmas, nossos medos, nossa parte boa e nossa parte má”, explica Flavia. “Meu objetivo é averiguar por que somos quem somos e por que somos como somos, saber o que nos faz melhores e de onde, apesar de tudo, tiramos forças para seguir adiante”, completa.
A história se desenrola no limite dos sentimentos humanos, o ponto do qual qualquer retorno seria impossível, exatamente o aquele que espreita todas as vidas, no qual se perde tudo o que se teve, se deixa de acreditar em tudo quanto se acreditou ou que se tornam irreconhecíveis os espaços, os tempos, as antigas presenças e os projetos que pareciam tão seguros e definitivos.
A autora, nascida na Argentina e onde viveu toda sua infância, diz que a tradução de seu romance para o português é quase como voltar para casa. “Quando recebi a proposta da Cubzac, foi como se tivesse ganhado na loteria. Mais que isso”, diverte-se. Ela espera que os leitores brasileiros se identifiquem com sua obra, principalmente pelo seu caráter universal e profundamente humano. “Todos nós somos personagens de A metade sombria. Todos, em algum momento, perdemos uma pessoa amada e parece que nos acaba a vida. Todos nos perguntamos o que fazemos neste mundo. Todos encontramos, no momento mais inesperado, a pessoa mais oportuna. Por isso, espero que queiram caminhar junto comigo nesta espécie de aventura para o interior do ser humano, sua essência e seus mistérios”.
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